A bola rola, o placar muda, e a cada rodada do Campeonato Brasileiro de 2025, um protagonista indesejado insiste em roubar a cena: a arbitragem. Longe de ser um problema novo, a sequência de erros e a falta de critério consistente, mesmo com o auxílio do Árbitro de Vídeo (VAR), reacendem o debate sobre a profissionalização e a credibilidade do apito nacional.
O VAR sob a Lupa: Números que Preocupam
O VAR chegou com a promessa de "justiça" e de reduzir drasticamente as falhas cruciais. No entanto, os dados compilados até a reta final do Brasileirão 2025 (Outubro) mostram que a ferramenta se tornou um foco de discórdia, não uma solução definitiva.
Segundo levantamentos especializados, o Campeonato Brasileiro de 2025 já registra dezenas de decisões que geraram controvérsia e foram apontadas como erros graves por analistas de arbitragem.
Um ranking divulgado pelo GE, que mede as decisões do VAR (favoráveis e desfavoráveis) que resultaram em mudança da marcação de campo, aponta um cenário de desequilíbrio e forte impacto na tabela:
Clubes Mais Prejudicados (pior saldo de decisões contrárias x favoráveis): O Corinthians, por exemplo, é citado com o pior saldo, acumulando 15 decisões contrárias e apenas 8 favoráveis, resultando em um saldo de -6.
Clubes com Alto Impacto (em saldo positivo): Por outro lado, equipes como o Vasco (com saldo de 10) e o Internacional (com saldo de 4) registraram mais decisões revisadas a seu favor, mostrando como o VAR, mesmo visando a correção, influencia de maneira assimétrica a pontuação dos times.
A Voz dos Comentaristas: "Falta de Critério e Profissionalização"
A insatisfação com a qualidade da arbitragem extravasa os gramados e toma conta das mesas de debate. Grandes nomes do jornalismo esportivo e ex-árbitros não poupam críticas, focando principalmente em dois pontos: a falta de padrão nas marcações e a carência de uma estrutura profissional.
Para especialistas como Caio Ribeiro e PC Oliveira, as falhas se concentram na interpretação:
"O pênalti é claríssimo porque não tem disputa de bola. O jogador vai com as duas mãos em cima do adversário. Esse é o grande erro da arbitragem..." – Caio Ribeiro, ao analisar um lance polêmico em uma partida de grande porte.
Em um tom mais crítico e preocupado com o sistema, muitos comentaristas, como é frequentemente expresso em programas de debate, argumentam que o problema vai além do erro individual:
"O sistema de arbitragem está quebrado. O juiz erra não porque é maldoso, mas porque claramente ele não é bem treinado para exercer a função. O ciclo é o mesmo: erra, passa pela 'geladeira', e quando volta, a mudança é praticamente nula."
A crítica à falta de profissionalização é unânime. Enquanto o futebol brasileiro move cifras bilionárias e exige desempenho máximo de atletas, técnicos e dirigentes, a arbitragem segue em um modelo amador ou semi-profissional, sem a dedicação e o treinamento em tempo integral que a complexidade do jogo moderno – e do VAR – exige.
O Custo dos Erros: Reflexos na Tabela e na Confiança
A sucessão de erros não é apenas um tema para o noticiário; ela tem consequências diretas na competição. Um pênalti não marcado, um gol anulado de forma equivocada, ou uma expulsão incorreta podem custar pontos cruciais, alterando a classificação, a briga por títulos, vagas na Libertadores ou a luta contra o rebaixamento.
A maior tragédia, no entanto, é a erosão da confiança. Quando torcedores, jogadores e dirigentes sentem que as decisões são tomadas de forma inconsistente, a sensação de que o resultado foi "roubado" ou "manipulado" se instala, minando a legitimidade do campeonato.A suspensão de árbitros e as notas de repúdio por parte dos clubes são um sintoma de um sistema em colapso. O caminho para 2026 passa, urgentemente, por uma reforma estrutural na Comissão de Arbitragem, investindo em critérios claros, treinamentos de alto nível e, acima de tudo, em um compromisso irrestrito com a uniformidade de decisões. O futebol brasileiro merece um VAR que some, e não que gere ainda mais dúvidas.
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